quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Bom 2009!


.
ir ao Japão
comer tostas mistas sempre que me apetecer
mesmo a meio da noite
jantar queijo em vez de carne e peixe
ter sempre sopa feita
comer gelados até no inverno
andar descalça em casa, sempre!
gostar cada vez mais de vinho tinto
e bebe-lo fora das refeições se me apetecer
e até pode ser enquanto limpo a casa
ou quando oiço música, tanto faz
não sou alcoólica , juro!
o mais longe efeito que fez, foi rir só mais um bocadinho
escrever de tudo no meu caderno de capa preta
deitar a língua de fora a quem me apetecer
puxar para mim quem eu mais quiser
beber água fria com gás e rir-me de quem também o faz
chocolates sempre por perto

e os amigos lá em casa, hoje, sempre, mas hoje
falar horas a fio com as minhas duas Marias
terminar as nossas conversas assim: “depois falamos melhor”
arrumar as gavetas
tirar fotografias ao que me apetecer
ter fotografias nas mãos
e ver, ver, ver…
escrever
escrever
escrever
ler
muito
estar com os meus filhos

falar
muito
sonhar
mas menos
olhar em frente
deixar de olhar tanto para trás
perder menos

muito menos
andar na praia mesmo de inverno
ir viver para mais longe
mas ficar sempre perto do mar
ir a África
ir a África
ir a África
voltar muitas vezes a Londres
ir sempre a Itália
encontra-me outra vez

encontra-me...


*estas listas são tão perigosas!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Tão perto de mim...


... pode ser tão longe ...
.

porque não me pertences
porque voas no meu primeiro gesto
porque voas e eu fico

.
de longe...
eu olho o teu voo
livre
e gosto de ficar presa nele
gosto de ti
mesmo que seja a sonhar
gosto de ti
tão perto daqui
.
e gosto, mesmo que seja tão longe de mim...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Segredo

Às vezes sinto-me assim... estátua, de pedra e sal!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

É urgente!

Feliz Natal
.
Urgentemente
.
É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos,
as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.
.
Eugénio de Andrade

*vou por aí fora com poemas assim...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Cinema

"Eu não sei se ela sabe o que fêz

quando fêz o meu peito cantar outra vez..."

.

*o que nunca sabemos, do que os outros sabem de nós...

**há vozes que nos seguem, para fazerem o nosso peito cantar outra vez ...

***esta música é linda, "Cinema" de Chico Buarque, e dá nome a este post.

Todas as noites

Todas as noites antes de adormecer, equilibrava cuidadosamente sobre a mesa da sala, relatos e desejos que um dia lhe iria dizer. Os anos passavam e a mesa cada dia mais cheia de palavras, marcava a certeza de que nunca ninguém chegaria para as receber.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Felicidade



Se eu estivesse lá …
chegava de barco
para ver a terra
do mar
chegava mais cedo
a tempo de sonhar
os teus braços
enlaçados nos meus
e depois ?


Se eu estivesse lá…
começava
outra vez
nascia
de barriga
na tua
e ficava
assim
quieta
nua

Se eu estivesse lá…
o teu braço
era maior
para me puxar
e então
os dois
uma árvore
gigante
plantávamos
no mar


Se eu estivesse lá….


Sobre rodas



o corpo também fala...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Mais longe

Acordei mais longe
quando vi que o amanhecer
diz ao vento que a lua
anoitece sem se perder

num sopro

sigo pelo vento
e é quando afasto do caminho
a névoa do momento

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Vilarejo



Os caminhos

Os vestidos

Os destinos

E essa canção...

*há músicas que me acordam e andam comigo até ao anoitecer...

**hoje é esta a música que me acompanha para falar de lugares... de pessoas...

***Marisa Monte

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Open space


Quero a minha alma “elástica” com vista para um mar infinitamente belo… e no espaço soltar os meus desejos... livres, sem preconceitos... sem barreiras ordeiras, sem limites, livres…
E de terra, olhar… até me perder de vista…

.
*soltar... para um mar que me cala de espanto e me resgata ilusões.


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A Carla e eu

Domingo à noite numa grande superfície nos arredores de Lisboa … na esperança de sermos poucos… e de facto não éramos muitos, mas parecíamos milhares. As minhas escolhas eram muitas, a vontade de escolher é que era pouca, muito pouca. Ainda sem nenhum saco na mão resolvi parar para jantar.
Pasta ou salada? pasta. Tagliatelle mais cinco escolhas, e molho. Carbonara ou cinco queijos? Cinco queijos!
.
Sentada numa mesa que se ligava a outras mil cheias de copos e pratos já usados e pessoas carregadas de sacos, dei a primeira garfada quando “ouvi” e depois olhei, a “expressiva” família que tinha como vizinha de mesa.
“Cala-te Carla, já te comprámos as prendas. Esta miúda é mesmo estúpida!”
“ Ó Paulo (diz, a que presumo ser a mãe da Carla… porque são do mesmo tamanho e largura, e porque têm o mesmo corte de cabelo e nuances da mesma cor… apesar de uma não ter mais que doze anos e a outra aparentar uns quarenta e tal…) não fales assim, ela é estúpida mas já percebeu que não vai ter mais porcarias nenhumas!”
.
Depois desta entrada triunfante perdi a postura e acho que ao abrir a boca de espanto me babei… Compus-me, e confesso que atrasei propositadamente a minha refeição para ficar até ao final do jantar (quase de Natal) da família da Carla.
Levantaram-se, a mesa deixaram-na como provavelmente deixam as palavras fugirem da boca, em péssimo estado… eram só três a jantar e pelas minhas contas deixaram loiça e guardanapos para mais vinte!
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A frase da noite não me saía da cabeça: “Ela é estúpida mas já percebeu…” .
Já no regresso a casa… com as luzes a piscar que iam aparecendo nas janelas, e os homens de vermelho e barbas branquinhas a subirem pelas varandas, andar sim, andar não… fiquei novamente sem vontade de Natal.
Desta noite de olhares espantados, apressados, e de mãos carregadinhas de sacos, provavelmente cheios de “porcarias nenhumas”… trouxe um aperto no peito que me acentua o pouco espírito da época.
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Evito a palavra, evito os embrulhos… gosto de dar, mas não gosto de receber assim, só porque estamos lá, na época!
Nesta altura em que todos resolvem “olhar” para todos, existem lugares vazios … e esses lugares partem-me o coração. Lugares pertença de quem já partiu, e lugares por nascer, de quem não chegou…

Vêm as perdas ao de cima… vem à flor da pele o toque que já não existe… e fica uma profunda indignação por perceber que estão muito mais presentes na vida das “Carlas” os pais natais que sobem os prédios altos, do que os que descem pelas chaminés…

*excerto de um texto muito maior que aqui não fazia sentido colar...

**há conversas, mesmo escritas, que nos fazem mudar de ideias... e então publiquei um pedaço do texto...


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Agora



Agora
deitada
escuto…
oiço
nada!

.
Não procuro
não espero
não quebro
nem desespero
espreito
a rir
outras vezes
detesto
mesmo a fingir...

.
Agora
não é
depois
é agora
e já foi
o momento…
quieto
ou em revolto
movimento

.
Agora escuto... consigo ouvir ?
depois esqueço
quando estou a mentir


domingo, 14 de dezembro de 2008

Escolhe


Escolhe uma flor para as tuas mãos plantarem no meu cabelo …
... e depois fica e vê …

sábado, 13 de dezembro de 2008

Carta


A vida inteira foi coleccionando sabores, odores e em cada viagem que fazia escrevia-lhe postais sem destino. Olhava e descrevia-lhe o mar que via nos olhos. Os pés contavam os passos que a levariam a ele. Ouvia atenta, todas as histórias que um dia lhe iria contar. Guardava as imagens dos longos passeios que dava na praia, dentro de uma caixa de prata que trazia no bolso. Cantava canções de cor para nunca as esquecer. Dizia os poemas mais longos para não terem fim. Falava as mais doces palavras para não esfriarem. Unia as suas mãos, como se fossem quatro.
Juntou todas as palavras que lhe iria dizer na carta que nunca escreveu.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Entre mim e lá fora...


Eu sei lá se a água que escorre nos vidros é chuva, ou se é o céu que chora e sou eu que não consigo perceber.
Eu sei lá se são as gotas que brincam lá fora, ou se sou eu que não quero ver.
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Entre o céu e a terra, dois tons …
Entre mim e lá fora, a vida!
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Há palavras e palavras!

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A Palavra
.
Já não quero dicionários
consultados em vão.
Quero só a palavra
que nunca estará neles
nem se pode inventar.
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Que resumiria o mundo
e o substituiria.

Mais sol do que o sol,
dentro da qual vivêssemos
todos em comunhão,
mudos,
saboreando-a.

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Carlos Drummond de Andrade
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Cansaço

De olhos fechados... acordo.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Eficiência ou o lado mais prático da morte

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A senhora da agência funerária dirigindo-se para um familiar do falecido:
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Vai tudo correr bem! Vão ter lá (referia-se à capela mortuária), máquina de café, e ao lado vai estar também uma família… impecável!
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*é por estas e por outras, que os risos aparecem nestes lugares também…

Desvio o meu corpo e toco no teu

Fecho os olhos das sombras que brincam à minha frente. Fazem fintas os fantasmas... temem que seja gente. Desvio o meu corpo e toco no teu, quando teimo em fugir à noite do céu.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Suspiro

Se num só suspiro se soprasse a alma inteira… ficaria hoje sem pingo dela, ou não teria eu alma nenhuma.

Dizia aos poemas


Os dias eram marcados pelos mesmos horários, rotinas e hábitos. Pedro saía de casa sempre com as mesmas certezas, entrar no café do bairro, seguir pelo passeio até ao escritório onde trabalhava desde que saíra da faculdade. Os bons dias eram distribuídos pela mesma ordem de sempre até finalmente se sentar na sua mesa de trabalho. Pedro gostava do que fazia, mas também sabia que não fazia tudo o que gostava. Ao final do dia o percurso inverso marcava o regresso à casa onde prometera o futuro. Promessa que iria cumprir com a convicção de quem se promete a uma felicidade planeada. À noite na mesa da sala onde escrevia, Pedro dizia aos poemas aquilo que sabia e não sabia de si. Perdia-se nas palavras onde mais se encontrava, e era feliz assim.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

De olhos fechados


Nas noites em branco em que os olhos brincavam com a luz, Maria corria na praia. Fazia do escuro manhãs claras e deitava as noites para dormir. Em compassos musicais, com os pés descalços na areia molhada, dançava, dançava… Nas mãos segurava dois lenços brancos onde agitava todos os sonhos em frente do mar. Cansada, parava... cada vez que uma onda lhe rebentava nos pés, Maria olhava o mar fixamente, e o mar dizia-lhe que fosse dormir. De olhos escuros, desafiava as ondas numa outra dança… Os braços rodopiavam seguros vestidos de branco, e de cada vez que os lenços lhe tocavam o rosto... Maria sorria porque era o amor. De olhos fechados deixava-se amar, até que a noite adormecesse fazendo o dia por fim acordar.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Vens?

Ficas?

sábado, 6 de dezembro de 2008

E se ...

… a vida fosse como nos filmes?

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Passaram 3, 4, 6 ou... 9 meses!
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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sábias cores

Sábias as cores que se estendem ao sol, e se tornam mais nítidas com a luz. Sábias as cores que não teimam mergulhar no breu e insistem nos tons. Sábias as cores que contrastam e se definem, mas sempre por perto, e sábias porque se misturam e não chegam nunca a ser deserto. Sábias, as cores ao sol espelham aquilo que amam, e negam o medo de amar. Deixam trazer vontades porque sábias, ouvem, e querem saber das conchas... e do mar.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Atrás da porta ...



... há gente !

Pois é !

É a prova mais doce
Quando me escutas
Que os teus olhos dizem
O que outros calam

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E mesmo molhados
Ouvem e repetem
Que é para seguir
O que parece partir

.
Cada troca
uma lição
Amigos assim na minha mão

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*parabéns Dani!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Amanhecer

Espreguiçar todos os desejos estendidos nos lençóis, que os braços podem ainda lembrar… e de olhos cerrados olhar, olhar, olhar …

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O desafio de Cati

A menina dos beijinhos estrelados, cati convidou-me para um desafio. É a minha estreia, em "saltos" destes aqui na blogosfera!

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Ingredientes:



*colocar uma foto individual nossa

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*escolher uma banda/artista


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*responder às questões somente com títulos de canções da banda/artista escolhido


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*escolher 4 pessoas que respondam ao desafio, sem esquecer de avisá-los






Aqui vou eu......


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1. um bocadinho de mim…



2. O artista escolhido: Caetano Veloso
*
3. És homem ou mulher? "Clarice" :)
*
4. Descreve-te: às vezes tenho “Uma força entranha … outras vezes ”Quem me dera ter...
*
5. O que as pessoas acham de ti: que dou “Sorte” (grande responsabilidade …) “Quando” viajo no “Trem das cores”!!! “Quem me dera” andar sempre assim…

6. Como descreves o teu último relacionamento: “Ah! Bruta flor do querer, Ah! Bruta flor, bruta flor…” (refrão de “O quereres”)

7. Descreve o estado actual da tua relação: Olha que “Nua ideia” eu dar uma resposta destas aqui! :)

*
8. Onde querias estar agora? a dizer “Outras palavras”

*
9. O que pensas a respeito do amor? não “Acontece” só nos “Sonhos”, chega sem esperarmos a voar num “Tapete mágico”. Mesmo “Fora de ordem” só é “Verdade” se for “Muito” .

*
10. Como é a tua vida? um “Ciclo” !

*
11. O que pedirias se pudesses ter só um desejo? o “Oceano” ...
*
12. Escreve uma frase sábia: “Amanhã será outro dia…” (parte de “Amanhã” )


*
*

Agora vou bater à porta de quatro meninos: truz! truz! truz! truz! Desafios devem ser livres por isso as portas a que bati abrem-se para este convite ou não, sim?

+
+

Vítor
*
Margarida Faro
*
Lady Godiva
*
Sofia


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Aragem

Vento mais lento
que toca o rosto
com cheiro incolor
que tráz no ar gélido
sabor …
.
Vento mais lento
que nesse instante
toca insinuante...
nos fecha os olhos
nos pede e rouba
os meus cabelos
a minha boca

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Passos no gelo...

... ou na lua!
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*esta fotografia veio da neve direitinha para mim. Obrigada Dani!!!