terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Dizia aos poemas


Os dias eram marcados pelos mesmos horários, rotinas e hábitos. Pedro saía de casa sempre com as mesmas certezas, entrar no café do bairro, seguir pelo passeio até ao escritório onde trabalhava desde que saíra da faculdade. Os bons dias eram distribuídos pela mesma ordem de sempre até finalmente se sentar na sua mesa de trabalho. Pedro gostava do que fazia, mas também sabia que não fazia tudo o que gostava. Ao final do dia o percurso inverso marcava o regresso à casa onde prometera o futuro. Promessa que iria cumprir com a convicção de quem se promete a uma felicidade planeada. À noite na mesa da sala onde escrevia, Pedro dizia aos poemas aquilo que sabia e não sabia de si. Perdia-se nas palavras onde mais se encontrava, e era feliz assim.

3 comentários:

Lady Godiva disse...

Ser feliz ASSIM é uma sorte do caraças!!!...

Cati disse...

Esta música mata-me... qualquer coisa é bela ao som desta música, sem desprimor pelas tuas palavras.

Que maravilha... quase me esqueço dos meus problemas...

Um beijo e boa semana***

Jorge A. Roque disse...

Os grandes poetas/escritores/homens de letras, com raras excepções (E.Hemingway veio-me à cabeça), sempre foram (in)felizes assim. Se o fossem de outra maneira não teriam produzido o que produziram. Fazer da realidade uma rotina para se perderem depois no seu mundo interior. Bela homenagem aos Pedros deste mundo.