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Mas que sei eu das folhas no Outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu sei que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha
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Ruy Belo
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*O título deste post é o nome deste poema, de um poeta preferido, Ruy Belo
5 comentários:
E meu preferido também.
Que pequeno/grande poema! E quanto nos podemos todos identificar com o que transmite nalguns momentos das nossas vidas.
Um abraço muito apertado!
Gosto muito do Rui Belo. Gostei muito de ler.
:)))
Sabes, Clarice, eu nada sei, mas adivinho que tudo tem uma intenção (ainda que não consciente). E acredito (porque aprendi - a custo) que tudo vem do coração e tudo o que apreendemos se grava na nossa alma e no nosso corpo. A mim, tudo o que vivo se cola... Nada é vão ou em vão!
Cada poeta é um homem; mas cada homem é também um poeta! E eu não acho o que os outros acham; não sinto o que os outros sentem; não digo o que os outros dizem... E admiro muitos e muitos! Mas eu sou eu!!! Falo por mim. E digo que nada é vão se o soubermos tomar na mão e guardar no coração. Ainda que estejamos a falar dos mais terríveis lamentos da existência!!!...
*Desculpa qualquer coisinha!...
Quando o olhar teima em olhar numa só direcção e dimensão, cresce a ilusão e incompreensão, perde-se o respeito pelos princípios básicos das relações interpessoais.
Fica-se limitado apenas a desejar num olhar de longe, que volte a harmonia e serenidade de novo, sentir que não há mais quezilias, mágoas, ou dores, para estas basta a que a vida real nos impõe e nos leva a um 'autismo'difícil de ultrapassar...
Para seguir caminho em PAZ. Bé
Belo poema, tive que o analisar na aula ^^
Ruy Belo é aquele poeta *-*
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