Olha, as minhas devem ser elásticos perfeitos. E nada mais do que isso. Eu bem tento esticá-las, mas elas não chegam lá e voltam para mim sem novidades. Irra!
"Não se pode falar do silêncio como se fala da neve. O silêncio é a profunda noite secreta do mundo. E não se pode falar do silêncio como se fala da neve: sentiu o silêncio dessas noites? Quem ouviu não diz. Há uma maçonaria do silêncio que consiste em não falar dele e de adorá-lo sem palavras."
Como não possuo competências de adivinhação (e ainda bem), do silêncio posso inferir tudo o que me vier à real gana. O silêncio só é de ouro, para mim, quando estou cansada do barulho. Mas eu ando cansada mesmo é do raio do silêncio! Que tenho eu a ganhar com o que os outros ficam a pensar de mim ou das minhas palavras (por bom que seja), se não mo transmitem?! A verdade é que tenho quase sempre retorno para dar às palavras dos outros e, em algumas vezes em que ele não surge naturalmente, procuro-o. A verdade é que, quando eu não "digo" nada, quero dizer que não me identifico muito com aquilo que até poderá inspirar outros... E a verdade é que eu estou a revelar isto e quem ler vai ficar a saber o que significam os meus silêncios e não tem direito a mais nada. Mas eu, a quem são votados muitos silêncios (livremente "expressos", obviamente), tenho o direito de interpretat os silêncios dos outros como entender. E se acharem que estou enganada, expliquem-se. Aprendi que a "falar" é que a gente se entende. Não sei é se será "tudo" bruxo à minha volta e ando para aqui desgarrada... Verdade verdadinha é que não escrevo palavras para "ficarem" - em lado nenhum. Escrevo-as para a troca!!!
Há palavras resistentes, fortes, poderosas. São aquelas que se gravam em nós para sempre, por nos terem tocado de uma forma especial - sejam elas palavras de bem ou palavras de mal... Mas (concordo com a Margarida), na era da comunicação, silenciar o efeito que certas palavras produzem em nós é uma enorme pena. Podem até gerar-se grandes equívocos, daqueles que um dia se revelam com palavras más. Perdem-se estas palavras, que inicialmente pareciam fortes, ou então ganham a força do engano e podem fazer perder-se relacionamentos... O silêncio, nesta acepção da palavra, nunca é de ouro; talvez me incline mais para a borracha do elástico... Sempre a levar na cara!
As palavras não valem o que o seu autor pensa delas; e muito menos o que os outros pensam a propósito. O que as palavras vão valendo é aquilo que se vai DIZENDO a respeito delas e o que se vai construindo à sua volta, com discussão apaixonada - seja pela tentativa de as perpetuar ou pela outra, a de as derrubar. Só as palavras comentadas ou ditas e reditas são como cordas, só estas têm existência física; as outras pertencem à metafísica. E eu quero lá saber da metafísica! Atirem-me mas é uma corda!!!
Sim Margarida, do silêncio podemos mesmo, como muito bem dizes “inferir tudo o que nos vier à real gana.” Também entendo, que para ti, o silêncio só seja de ouro, quando estás cansada do barulho, e para mim Às VEZES também é assim interpretado… mas outras vezes (particularmente aqui) é no silêncio que gosto de escutar, por exemplo as tuas palavras… e as de quem vai comentando….
Se quebro o silêncio e apareço, receio muitas vezes influenciar a próxima voz que escolhe por aqui “dizer”. Opções, nada mais do que isso. E ultimamente sabe-me tão bem ficar recostada e saborear as vozes que falam por estas bandas… lá fora, a conversa é outra, e o silêncio profundo e assumido é decididamente não estar, e eu que gosto de estar, com quem gosto, claro!
Para mim Margarida, nem sempre é falta de inspiração não dizer nada num post vizinho (mas percebo o que dizes), às vezes gosto/identifico-me tanto que “entupo”… mas como o que gostamos não “derrete”, acaba por ser fonte de inspiração, nem sempre dita, mas pensada, e muito sentida… esse silêncio que até pode ser muito só é às vezes tão saboroso…
Já vou muito atrasado no tempo mas quero deixar aqui uma frase do Aldous Huxley que li há muitos anos atrás e que retive: "O silêncio está cheio de sabedoria, assim como um bloco de pedra está cheio de obras de arte...". Adoro o silêncio, adoro estar em silêncio, partilhar um silêncio... É no silêncio que nos descobrimos melhor; o silêncio só nos assusta porque muitas vezes não queremos ver...
8 comentários:
Olha, as minhas devem ser elásticos perfeitos. E nada mais do que isso.
Eu bem tento esticá-las, mas elas não chegam lá e voltam para mim sem novidades. Irra!
Quem te disse?:) Aqui chegam todas, as tuas palavras e ficam por cá, e são bem, muito bem admiradas! O silêncio pode valer ouro...
*gostei, do "Irra!":)
"Não se pode falar do silêncio como se fala da neve. O silêncio é a profunda noite secreta do mundo. E não se pode falar do silêncio como se fala da neve: sentiu o silêncio dessas noites? Quem ouviu não diz. Há uma maçonaria do silêncio que consiste em não falar dele e de adorá-lo sem palavras."
Clarice Lispector
Como não possuo competências de adivinhação (e ainda bem), do silêncio posso inferir tudo o que me vier à real gana.
O silêncio só é de ouro, para mim, quando estou cansada do barulho. Mas eu ando cansada mesmo é do raio do silêncio!
Que tenho eu a ganhar com o que os outros ficam a pensar de mim ou das minhas palavras (por bom que seja), se não mo transmitem?!
A verdade é que tenho quase sempre retorno para dar às palavras dos outros e, em algumas vezes em que ele não surge naturalmente, procuro-o.
A verdade é que, quando eu não "digo" nada, quero dizer que não me identifico muito com aquilo que até poderá inspirar outros...
E a verdade é que eu estou a revelar isto e quem ler vai ficar a saber o que significam os meus silêncios e não tem direito a mais nada. Mas eu, a quem são votados muitos silêncios (livremente "expressos", obviamente), tenho o direito de interpretat os silêncios dos outros como entender. E se acharem que estou enganada, expliquem-se.
Aprendi que a "falar" é que a gente se entende. Não sei é se será "tudo" bruxo à minha volta e ando para aqui desgarrada...
Verdade verdadinha é que não escrevo palavras para "ficarem" - em lado nenhum. Escrevo-as para a troca!!!
Há palavras resistentes, fortes, poderosas. São aquelas que se gravam em nós para sempre, por nos terem tocado de uma forma especial - sejam elas palavras de bem ou palavras de mal...
Mas (concordo com a Margarida), na era da comunicação, silenciar o efeito que certas palavras produzem em nós é uma enorme pena. Podem até gerar-se grandes equívocos, daqueles que um dia se revelam com palavras más. Perdem-se estas palavras, que inicialmente pareciam fortes, ou então ganham a força do engano e podem fazer perder-se relacionamentos...
O silêncio, nesta acepção da palavra, nunca é de ouro; talvez me incline mais para a borracha do elástico... Sempre a levar na cara!
As palavras não valem o que o seu autor pensa delas; e muito menos o que os outros pensam a propósito.
O que as palavras vão valendo é aquilo que se vai DIZENDO a respeito delas e o que se vai construindo à sua volta, com discussão apaixonada - seja pela tentativa de as perpetuar ou pela outra, a de as derrubar.
Só as palavras comentadas ou ditas e reditas são como cordas, só estas têm existência física; as outras pertencem à metafísica. E eu quero lá saber da metafísica!
Atirem-me mas é uma corda!!!
Margarida:
Sim Margarida, do silêncio podemos mesmo, como muito bem dizes “inferir tudo o que nos vier à real gana.” Também entendo, que para ti, o silêncio só seja de ouro, quando estás cansada do barulho, e para mim Às VEZES também é assim interpretado… mas outras vezes (particularmente aqui) é no silêncio que gosto de escutar, por exemplo as tuas palavras… e as de quem vai comentando….
Se quebro o silêncio e apareço, receio muitas vezes influenciar a próxima voz que escolhe por aqui “dizer”. Opções, nada mais do que isso. E ultimamente sabe-me tão bem ficar recostada e saborear as vozes que falam por estas bandas… lá fora, a conversa é outra, e o silêncio profundo e assumido é decididamente não estar, e eu que gosto de estar, com quem gosto, claro!
Para mim Margarida, nem sempre é falta de inspiração não dizer nada num post vizinho (mas percebo o que dizes), às vezes gosto/identifico-me tanto que “entupo”… mas como o que gostamos não “derrete”, acaba por ser fonte de inspiração, nem sempre dita, mas pensada, e muito sentida… esse silêncio que até pode ser muito só é às vezes tão saboroso…
Gosto das tuas palavras! bjs
Beijos
Já vou muito atrasado no tempo mas quero deixar aqui uma frase do Aldous Huxley que li há muitos anos atrás e que retive: "O silêncio está cheio de sabedoria, assim como um bloco de pedra está cheio de obras de arte...".
Adoro o silêncio, adoro estar em silêncio, partilhar um silêncio... É no silêncio que nos descobrimos melhor; o silêncio só nos assusta porque muitas vezes não queremos ver...
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