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Os poetas dizem-me tantas vezes nos seus poemas, o que eu sinto e não sei dizer...
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Hoje vou ouvir vezes sem fim na voz de Adriana Calcanhotto o lindíssimo poema de Fernando Goulart, "Traduzir-se".
hoje vou traduzir-me assim...
..Traduzir-se
(Fernando Goulart)
Uma parte de mim
É todo o mundo
Outra parte
Fundo sem fundo
Uma parte de mim
É multidão
Outra parte é estranheza
E solidão
Uma parte de mim
Pesa e pondera
Outra parte
Delira
Uma parte de mim
Almoça e janta
Outra parte
Se espanta
Uma parte de mim
É permanente
Outra parte se sabe
De repente
Uma parte de mim
É só vertigem
Outra parte
Linguagem
Traduzir uma parte
Na outra parte
Que é uma questão
De vida ou morte
Será arte?
Será arte?
Será arte?
Será arte?
11 comentários:
Desfruta então!
Bjinhos
Gosto mesmo do poema, mas é se lhe retirarmos a ideia da tradução, porque sinto que as duas partes de cada um de nós não devem fundir-se nem traduzir-se. E a arte, se existir, estará precisamente, em conservá-las, pois a sociedade em que vivemos tende a funcionar como borracha para uma delas!
Mas cada um sabe de si!
E interpretações há muitas...
Se tivermos (só) duas partes, ainda que correndo os riscos da tradução - traduttore traditore -, até poderemos tentar esse exercício, embora eu prefira o mais complexo da (retro)versão: verter é mais abrangente do que traduzir.
Se tivermos mais do que duas partes...
Já cá tinha vindo antes de ver o teu comentário no SSS e já tinha deixado o comentário anterior.
Preciso de dizer explicitamente que gosto? Gosto, sim, do poema, da música e da Adriana, não necessariamente (sempre) por esta ordem.
Espero que a tua noite, passada a "ouvir vezes sem fim" a composição, tenha sido bem agradável.
..."verter é mais abrangente do que traduzir."
É isso mesmo!assim temos o todo e não (só) duas partes. Traduzir-se... é infinito, traduzir não é.
beijinho, Vítor.
[...]
Beijo também
Era para mim o beijo, Vítor?
Se era, agradeço.
Mas se o intuito era preencher a lacuna... a questão é com a Clarice. Se ela quiser.
Está lá escrito que "tenho marés..." E sou atenta!
Lady:
O teu beijo já lá ficou n'Os Mestres. Era só um, mas tamanho família para repartir. Este era mesmo para a Clarice. Quanto a lacunas, cada um deve preencher as suas, não achas?
Vítor (via Clarice):
Acho. Claro. Desculpa.
Meninos: ninguém pede desculpa por pedir ou dar beijos. Mas lady, aquele do Vítor era para mim, toma! toma!
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