Acabei de desligar o telefone. Talvez tenhas tempo e apareças. Senti que te apetecia chegar… está sol, bom tempo, não há vento… mas sei também que onde estás, pode ser melhor. É terra firme, aqui sempre vai chovendo... Há uns dias, não muitos, depois de um forte aguaceiro, o cheiro devolveu a paz a este lugar… e como eu gostava que soubesses desse cheiro que a terra molhada faz. E até com vento, como é belo este lugar… tão belo, como um barco que veleja mesmo sem rumo, no mar. Talvez te ligue de novo, não cheguei a dizer-te deste novo canto onde te podes deitar. Baloiça com o corpo, e dá alento à alma que nele boceja todos os dias, a despertar. Talvez te volte a ligar, e quem sabe ainda apareças... sei que ias gostar. Há uma casa ali atrás, ouves? são as vozes a andar... talvez ainda te volte a ligar. Não te cheguei a dizer, é que ao final de cada tarde há um encontro marcado, e nem te falei das flores no jardim, nem da mesa posta para jantar, nem das velas acesas pela casa, nem dos livros, sempre pelas minhas mãos... sempre à espera das tuas... nem desta varanda maior, onde acorda o meu olhar todos os dias... talvez tenhas tempo e apereças... sei que ias gostar...
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