O mar da Rute

Mar

Não está frio, não ouço ruído
mas também não ouço o mar!
Queria cobrir-me da sua espuma branca e deixar-me ir
flutuar e deixar-me encadear pelo brilho da lua
desvairar-me com a sua intensidade
perder-me, ser cúmplice, amar.

Não sinto o mar
mas também não ouço o vento
nem tão pouco o desmaio das ondas na areia
sedenta do seu ondular meigo, em lamento
ou do seu embate estrondoso, forte, poderoso em mim
falta-me o odor e o sabor do mar
a visão do ocaso, o escurecer lentamente, o luar.
Não sinto o mar!
Quero-o em mim, revolto e cinzento
com ele me deixar ir e o seu furor abraçar, aplacar
quero amanhecer serena, saciada
na areia fina e branca deitada
olhar o horizonte, sorrir
porque, contemplo-o já finalmente
cerro os olhos e avisto-o
avassalador na sua grandiosidade
envolvente, belíssimo
abraçando-me e permanecendo assim comigo... Intemporal


*Este poema escrito pela amiga Rute, faz nascer uma nova etiqueta aqui no Clarear, “A voz dos amigos”.
.
**Neste caso também a fotografia pertence à mesma voz.
.
*** Como uma folha em branco deixada na mão dos amigos…
.
***** Obriagada Rute

.