As escolhas eram menos, talvez maiores. Dizia o meu pai: espera, não carregues já no segundo botão que ainda está a aquecer. Tínhamos uma antena em cima da televisão. Nunca estava no mesmo lugar. Um dia partiu-se e veio outra maior e mais bonita, mas nem por isso mais quieta. Daquele lado a imagem fica melhor. Agora para o outro lado. Às vezes para lado nenhum. Na agenda dos telefones da minha mãe havia uma página dedicada aos arranjos que tinha escrito em maiúsculas, "SENHOR DA TELEVISÃO". Lá vinha o "salvador" de mala na mão, desaparafusar a carapaça enorme da minha querida televisão que mais parecia uma tartaruga. São as válvulas. E eram. Era o hino com a bandeira ao vento e horas de deitar. Eram os festivais da canção com os amigos chegados de Moçambique. Sem comando... e com tanto à nossa volta.