terça-feira, 30 de junho de 2009

Cada palavra tua

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Cada palavra tua
tem cheiro a vela e melodia

e se fecho os meus olhos
a tua voz nasce em mim, como nasce o dia

eu sei que algumas palavras tuas
estão juntas desesperadamente
quando se deitam no meu corpo
para morrer à tua frente

o amor pode então ser só isto assim?
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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Mesmo à beira mar

... nunca imaginou ...



... conseguir agarrar os sonhos ...




... e leva-los (ao ombro) na alma ...


domingo, 28 de junho de 2009

Reticencias ...

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... três pedrinhas pousadas em cima da água …
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... que pisamos alternadamente com cada pé …
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... para conseguirmos imaginar a outra margem do lago…
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sábado, 27 de junho de 2009

Miragem

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Fazia muito calor, entrámos e senti nos teus olhos fixos, medo. O mesmo medo que eu. A penumbra da sala fazia prever... a incerteza. Esperavas e não esperavas que eu sentisse o teu corpo gélido. Mas eu não me aproximei só de ti, e era isso que tu mais temias… o olhar faz perguntas, desembrulha e destapa... e tu já tinhas tanto frio. Olhei-te de frente, ainda que a medo... não esperavas que fosse tanto, e ao mesmo tempo só isso. Olhar-te assim mais perto na penumbra de uma sala escura… depois irias para o teu lugar e eu levaria comigo todas as palavras que não trocámos. Não importa o que não sabes de mim, e eu de ti… ficava naquela sala o resto da minha vida… e não o resto da minha vida a morrer por não saber com o que ficaste de mim…
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sexta-feira, 26 de junho de 2009

(?) Ponto de interrogação

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... aparece do lado direito da palavra para a agitar...
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Umas vezes consegue e ponto final.
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....Parágrafo.
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Outras vezes depara-se com três pontinhos seguidos por desvendar...
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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Nas mãos



nas mãos
como pontos de luz
alados sentidos
vagueiam a medo
em desejos perdidos...
a palma da mão
despida ao vento
sabe o que guarda
no cheiro e no tempo…
em punho fechado
ouve-se lá dentro
uma voz mais triste
ou até mais doce...

a vida quer dizer-se
e cada vez mais devagar…
sempre que os meus dedos seguram em gotas
a água dos olhos vinda do mar
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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Gosto! Muito!



To Build a Home, The Cinematic Orchestra

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E hoje é só o que me apetece... ficar a ouvir, o que fui descobrir aqui!

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terça-feira, 23 de junho de 2009

Logo pela manhã

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No carro…
Mãe, porque é que se diz “aguenta os cavalos”?
É uma expressão…
Nem penses mãe, expressão é dramática!

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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Descobrir


... é ver com as mãos ...
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domingo, 21 de junho de 2009

Gente quer saber o um


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Gente olha pro céu
Gente quer saber o um
Gente é o lugar
De se perguntar o um
Das estrelas se perguntarem se tantas são
Cada, estrela se espanta à própria explosão
Gente é muito bom
Gente deve ser o bom
Tem de se cuidar
De se respeitar o bom
Está certo dizer que estrelas
Estão no olhar
De alguém que o amor te elegeu
Pra amar
Marina, Bethânia, Dolores,
Renata, Leilinha,
Suzana, Dedé
Gente viva, brilhando estrelas
Na noite
Gente quer comer
Gente que ser feliz
Gente quer respirar ar pelo nariz
Não, meu nego, não traia nunca
Essa força não
Essa força que mora em seu
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Coração
Gente lavando roupa
Amassando pão
Gente pobre arrancando a vida
Com a mão
No coração da mata gente quer
Prosseguir
Quer durar, quer crescer,
Gente quer luzir
Rodrigo, Roberto, Caetano,
Moreno, Francisco,
Gilberto, João
Gente é pra brilhar,
Não pra morrer de fome
Gente deste planeta do céu
De anil
Gente, não entendo gente nada
Nos viu
Gente espelho de estrelas,
Reflexo do esplendor
Se as estrelas são tantas,
Só mesmo o amor
Maurício, Lucila, Gildásio,
Ivonete, Agripino,
Gracinha, Zezé
Gente espelho da vida,
Doce mistério

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.......Gente
(Caetano Veloso)

sábado, 20 de junho de 2009

Nos meus braços


em surdina
num manto escuro
cerrado negro
os braços
desejos
na pele
e nos beijos
saudosa viagem
no tempo
miragem
de outra
margem
que agora
tapada
pela boca
se cobre
inteira
nua e derradeira aurora

e não é primavera
é inverno agora

e não é a morte
é a vida lá fora

lá... fora de mim…
…em surdina, nos meus braços…
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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Jardim de letras

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Escrever com a voz do coração...
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quinta-feira, 18 de junho de 2009

Olhar...

… que chama …
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... e depois eu vou, nesta fragilidade... que é estar ainda mais perto…

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Mar de pedra

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É um não querer saber
virar as costas ao mar
e deixar de o ouvir
é um não querer saber

é um frio imenso
quando viro a cara
e pára o olhar
num silêncio intenso

é um mar sem corpo
quando nada mexe
e sem braços
no peito um desgosto

são ondas caladas
e são as bocas fechadas...

é um vazio sem cor
e nem preto e branco
é o frio gélido
gemido e dor

são bocas coladas
nos lábios distantes
é o espaço que sobra
para pensamentos errantes
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terça-feira, 16 de junho de 2009

Nidificação


Dar sentido ao destino das palavras… isso também é nascer… e pode não ser morrer…

*os meus amigos olham por mim os pássaros… quando eu não os vejo daqui…
**Obrigada Daniela, por este teu olhar…

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Num segundo olhar

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Vem no tempo
como brisa
e na dúvida
como certeza
de que estar ao lado
não significa ficar belo
nem sentar no mesmo banco
senão quem no tempo
vou encontrando
demoradamente…
no fundo do mar
e que não basta o primeiro olhar
é no segundo que me sento
e só depois com alento
nasce a ideia de começar

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domingo, 14 de junho de 2009

Vou te contar (2)


*"Vou te contar" , nova etiqueta onde o meu olhar guarda, sem ouvir, conversas a dois... troca de palavras.... cruzadas, entrelaçadas nos gestos e nas expressões...
** e tudo começou Aqui!

sábado, 13 de junho de 2009

Ficamos para lanchar?

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Ficamos? Sim, claro!
E sabemos que prolongando os momentos... os doces instantes, onde se embrulham por querer os sorrisos que se prometem voltar a cruzar, repetidamente… docemente, nos vamos também prolongando… e assim, hoje escolhemos ficar para lanchar…
Ficamos? Claro que sim! Não sabendo ainda, se o dia a seguir, termina numa noite sem fim...
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sexta-feira, 12 de junho de 2009

Onde chegas


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Neste quarto
mexo os lábios

tu respiras
no meu peito
ofegante
onde chegas
para morrer
de vida
prometida
nos meus braços
despidos
nos teus

neste quarto
onde
os teus sonhos

…inundados
pela voz
cruzados
pelos pés…

são os meus

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quinta-feira, 11 de junho de 2009

Palavras vestidas (ao virar da esquina)


Nós somos loucos, não somos?
Desta louca poesia,
Desta riqueza dos pobres
Que se chama fantasia!
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Ergamos pois nossa tenda
E nosso lar de pobreza
No mais ermo desses montes,
No fundo da natureza..
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Se o frio apertar connosco,
Pois não temos mais calores,
Aqueceremos os membros
Na fogueira dos amores!
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Se for grande a nossa sede,
Tão longe da fonte fria,
Contentar-nos-emos, filha,
Com as águas da poesia!
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Assim à nossa pobreza
Daremos a Imensidade...
Que com isto se contente
Nossa pouca seriedade.
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E, pois somos loucos, vamos
Atrás dos loucos mistérios...
Deixemos ricas cidades
Ao sério dos homens sérios!
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Antero de Quental
(Primaveras Românticas)
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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Zebra

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palavras
de
duas
cores
que
parecem
a pele
de
alguns
animais
mas
se lhes tocamos
ficam diferentes
e todas desiguais
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terça-feira, 9 de junho de 2009

Há este olhar

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Há o corpo que se mistura no chão, há este olhar… espera infinita, delicada e quieta, frágil consequência que a vida impõe, mas o olhar que é livre, não!
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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sem fim

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Tentou escrever a mesma carta mais de cem vezes. Sabia o que queria dizer, mas também hesitava querer dizer, o que sabia querer tão bem. Escrevia velozmente a fúria... apagava. Escrevia docemente o amor... apagava. Primeiro precisaria de se reconciliar com ela própria, e nunca transpor isso, muito menos escrever isso… rasgou a folha em branco, acendeu um cigarro e saiu. Era já noite, e procurava agora que o escuro lhe devolvesse os seus passos sem fim.
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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Olhar para fora lá dentro


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É sair
do mesmo lugar
é ficar
preso ao olhar
é pedir
e partir
é querer
e não temer
é o desejo
de um beijo
ou é tocar
no mundo
ensejo
é voar
num sopro
destemido
é um gesto
mais veloz
que acorda de um gemido

o que pode parecer ser vida
senão a força no olhar, destemida

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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Perguntas são janelas

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...abertas, entreabertas, outras ainda encostadas ...
... e há perguntas também fechadas ...
.há umas envidraçadas

terça-feira, 2 de junho de 2009

Para mim (não) basta um dia!

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Para mim
basta um dia
não mais que um dia
um meio dia
me dá
só um dia
e eu faço desatar
a minha fantasia
só um
belo dia
pois se jura,
se esconjura
se ama e se tortura
se tritura, se atura e se cura
a dor
na orgia
da luz do dia
é só
o que eu pedia
um dia pra aplacar
minha agonia
toda a sangria
todo o veneno
de um pequeno dia
só um
santo dia
pois se beija, se maltrata
se como e se mata
se arremata, se acata e se trata
a dor
na orgia
da luz do dia
é só
o que eu pedia, viu
um dia para aplacar
minha agonia
toda a sangria
todo o veneno
de um pequeno dia
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(Basta um dia/Chico Buarque)

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Olha para mim


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Olha para mim
e diz-me o que vês
perto do cimo das árvores
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olha para mim
e diz-me
que poderia ver eu
se tu não visses assim
o que eu não consigo ver daqui
.
olha para mim
diz-me se daí
consegues tocar no céu
e diz-me a olhar para mim
que o teu olhar pode ser o meu
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