domingo, 30 de novembro de 2008

Caminho


Não se viam há pelo menos dois anos e ela adivinhava o difícil que seria voltar encontra-lo. Na rua vazia, apenas se ouviam os seus passos molhados. Passavam trinta minutos da hora marcada e o atraso propositado era o medo de morrer outra vez. A sua respiração acelerada parecia abrir-lhe o peito. Parou, fechou os olhos e sentiu a chuva a cair-lhe no rosto… lambeu os lábios salgados e percebeu que não era medo, era a vida a dizer-lhe que voltasse para trás. Sorriu, e ainda assim continuou, mas mais devagar…

sábado, 29 de novembro de 2008

SMS

Ainda meia a dormir…
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Mãe recebeste uma mensagem!
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“Tá a nevar.”
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Eu que sou do calor, muito mais do que do frio, e muito menos ainda do gelo, fiquei derretida...

Os amigo fazem milagres, e logo pela manhã!
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*obrigada Margarida.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Sonho Impossível

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Dever de Sonhar

Eu tenho uma espécie de dever
Dever de sonhar
De sonhar sempre
Pois sendo mais do que um espectáculo de mim mesmo
Eu tenho que ter o melhor espectáculo que posso
E assim me construo a ouro e sedas
Em alas supostas
Invento palco
Cenário para viver o meu sonho
Entre luzes brandas e músicas invisíveis

Fernando Pessoa

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* o vídeo não estando nas melhores condições técnicas, ganha pelas excelentes condições expressivas , reais, humanas…

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** ”Sonho Impossível” de Chico Buarque aqui cantado por Maria Bethânia, dá nome a este post.

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*** este poema de Fernando Pessoa, tenho-o sempre na memória recitado pela minha diva, Bethânia… voz que me acompanha desde sempre...

**** ontem recebi do meu amigo Vìtor do Sal Sol Sul, esta dupla completa:poema e canção. Estava este post já a nascer... há coisas assim...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Onde moram os livros

Para objectos dignos, lugares especiais! Sempre me fascinaram os lugares onde repousam os livros. Gosto de prateleiras desiguais, às cores, ou cinzentas. Gosto de entrar numa casa e descobrir onde moram os livros ali. Gosto da forma como estão arrumados ou como caem inclinados. Gosto deles até no chão, mesmo à minha mão. E depois quando os trago comigo gosto de olhar o lugar vazio no espaço que deixaram. Gosto de olhar as prateleiras numa sala quase às escuras, apenas acesa pela chama de uma vela… gosto de as olhar e deste namoro encontrar o livro certo para ler, ou simplesmente deliciar-me com o prazer da escolha…

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vestido vermelho

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de um pé nascente
no momento exacto…
quieta
em volta
de um instante imediato
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visto-me então de pétalas para nascer outra vez...

sábado, 22 de novembro de 2008

quem sabe...


.
.
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Quem sabe
despindo as palavras
consigas olhar-me
...
Quem sabe
se assim
seja tudo verdade

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Marcha atrás

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Mamã dá licença?
Dou!
Quantos passos?
Três à Caranguejo!

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Um

.
Dois

.
Três

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

nem o mar

Nascem sonhos do mar, troncos soltos pelo ar, nascem nos dedos vontades de tocar... vontades de enrolar... nascem imagens por repetir, e tremores por ouvir... e da alma brotam saudades desvairadas de te ter, e eu acho meu amor que nem o mar nos vai perder…

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Vá-se lá saber porquê!...

Sépia perfeita
Translúcido contraste
Enquadramento metódico
Assimetrias encontradas
Focagem perfeita
Simplicidade dos elementos
Podia estar menos centrado
O preto não lhe fica mal, mas está branco
Belo alinhamento captado
Isto não é nenhum poema, só estou a divagar para vos dizer isto que se segue:

Entro num blogue de fotografias e encontro títulos a darem sentido, rumo… e é esse mesmo sentido próprio dos autores que me fascina. Nasce no instante do primeiro olhar, segundos depois é o "nosso" espreitar que faz o segundo olhar acontecer. Então, já são mais do que dois olhares, o do autor, o "nosso" e o de quem irá "ler" tudo por esta ordem infinita de olhares… Até aqui tudo perfeito, isto dos "olhares" a tomarem conta de mim! Mas quando me aparecem pela frente comentários mais técnicos às fotográficas (o que faz todo o sentido) é que bloqueio, vá-se lá saber porquê! …

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Elis Regina Montreaux 1979

"Madalena".

Esta música mexe comigo, mesmo!

espreitar...

... também é olhar!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A voz do frio

Ela não tinha mais dúvidas. A sua viagem ia começar naquele dia… com as malas cheias de sonhos que iria vestir noutro lugar, ansiava partir. Trazia dentro de si quase a vida toda, mas sabia que noutro lugar iria nascer mais vida. Tinha perdido pedaços de tudo, mas tinha aprendido que amar intensamente era a sua única verdade. Mesmo só, sabia que esta era a viagem que podia faze-la partir… acreditar que o amor que sentia nada tinha destruído, e que ia nascer ainda mais dentro de si. Ela não tinha mais duvidas, e por isso entrou e sentiu o frio na sua cara a dizer-lhe que fosse, que partisse agora…

domingo, 16 de novembro de 2008

"Desenrasque-me lá isso"

À espera que chegasse o segundo autocarro que iria levar um grupo de crianças ao Teatro, verifiquei que o dito transporte não possuía cintos de segurança com três pontos, como eu tinha solicitado.
Ao telefone com o responsável da empresa transportadora:
E agora? perguntei eu.
Desenrasque-me lá isso até Lisboa, disse-me ele.
Nunca na minha vida me tinham pedido para desenrascar nada, muito menos até Lisboa, nem sei mesmo se algum dia vou desenrascar alguma coisa.
Resultado: autocarro para trás, e outro nas devidas condições para a frente, ainda que com atraso de meia hora!

sábado, 15 de novembro de 2008

Ainda hoje

Quando entrou ainda ele não tinha chegado. Trémula por não saber o que iria sentir ao vê-lo, saiu para fumar um cigarro. O fumo levou-a para mais longe de onde nem se atrevia a olhar para trás. Cada passo, cada hipótese de ele já ter chegado. No regresso do cigarro… ele, ali mesmo a dois passos dela. Sempre bem arranjado trazia naquele dia companhia. Ela, muda, ainda assim cumprimentou-o, sorriram, e ela seguiu. Ainda hoje não consegue descrever quem o acompanhava naquela noite. Se era mulher, ou homem, ou se era apenas a sombra que ela própria não gostava de ter sido.
Ainda hoje quando acende um cigarro olha na direcção do fumo. Na ilusão de que o que o fumo leva em névoa, pode ainda trazer em passos. E é assim na sombra dos dias que ainda hoje olha para trás.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Temos?

stop, pause, play...pause,pause,stop, play....stop


Seria tão mais fácil termos botões...

De súbito espanto

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De súbito espanto
de um enorme desencanto
traz o frio num manto
dispo-me...
e escondo na noite
a minha voz
e já não oiço a tua

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

11 de Novembro de 2008

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Quem quer castanhas assadas?



Assadas, por quem todos os dias o faz na rua, mas que no dia de S.Martinho gentilmente o fez dentro de uma escola, quem quer?


Apr(e)ende-se quanto mais próximo...
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quintafeira

Há dias que se colam a datas e datas a dias... e depois ficatudopegado!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

e hoje...


E hoje...
é mais sugus
nada de abusos a escrever
doces
de várias cores
laranja
de todos os sabores
quadrados
eternos ... ... ...
humorados
morango
menta e limão
fica um post mais suave
mesmo que fora de mão!

*há sugus para todos!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Baldes, de água fria!

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A sério? Que bom! Perfeito. Ainda bem. Tu merecias. E logo agora, que sorte. Chegou na altura certa. Era o que estavas a precisar. Não era a altura agora, mas que bom! Eu já sabia que um dia isto ia acontecer. Ainda bem. Vês, nada é por acaso! Que bom! Vi logo pelo teu sorriso. Vi nos teus olhos, no brilho. Que bom! A sério?
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*um doseador para banhos frios? já inventam tanta coisa...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

para sempre

aprender...



... a ser feliz!

domingo, 9 de novembro de 2008

Com as palavras na mão

Ouvi-o pela voz de quem o escreveu. Nas mãos segurava o papel por onde guiava o seu olhar baixo, atento e brilhante, muito brilhante. Os olhares em sua volta ouviam mais do que a leitura de um poema, ouviam uma vida que fora para cada um de nós, também um pouco de nós. Ouviam memórias, saudades, muitas saudades, mas a eterna certeza de que quando se ama e se está perto, se constrói, se permanece, mesmo depois da morte. As mãos que seguravam as palavras em poema pousadas numa folha de papel, tremiam seguramente por vida e por amor.

*para ti, Margarida!


sábado, 8 de novembro de 2008

Um, dois e...

...três!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Doce soma

suspiros ...
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+ chocolate ...


= ...



O mellhor bolo de chocolate do mundo !
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Sirvam-se, e bom fim de semana!
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*a etiqueta "chocolate" vai nascer hoje e o motivo é simples: já falei e vou voltar a falar, com quase toda a certeza, deste "vício" castanho que faz as minhas delicias!

os meus passos

Os meus passos andados, palmilhados e guardados em segredos no chão. Os meus passos achados em caminhos nublados, querem passadas que não dão. De manhã saem de mim, à noite voltam sem fim, vazios, atrapalhados, molhados, porque não foram ou porque já não querem ser passos assim.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

ensaio

Saiu de casa cedo, o frio gelava os passos que diziam uma direcção. Caminhava assim ao som que convinha, e ritmava palavras que gostava de dizer. Mas também as que sabia não poder dizer. Os lábios ora cerrados ora mordidos, gesticulavam palavras mudas, silenciosamente… as mesmas que iriam mais tarde, dizer este dia.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

onde?

a pergunta que nos faz procurar o lugar, certo?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Os dias de um quarto maior


Sentados lembravam agora os dias de um quarto maior, as vozes de meninos e meninas, piões e carrinhos de linhas. O violoncelo a tocar, e entre panos e olhares, meninos a brincar. Eram os filhos, nas mãos de quem sonhava um dia casar. Eram sonhos de um sótão escuro e repleto de ferros e loiças, de medos e bruxas. Os seus olhos fixam agora quem passa numa sala mais clara, e juntos, despidos em sonhos, dizem aos livros que vivem por perto, palavras do coração. Sentados, lado a lado, seguem os olhos de quem os guarda como se fosse numa canção.

talvez

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a sobrar
num só caminho
gemido desenfreado
um único ponto
sinal
de um lamento entrelaçado
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talvez auroras por nascer…

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Minha herança:uma flor


Sim, esta música tem quilómetros. Tenho-a ouvido repetidamente nas minhas voltas diárias de carro.
Pertence ao álbum “Sim” de Vanessa da Mata, que tem para mim uma lindíssima capa.
“Minha herança: uma flor” aparece no final do disco com uma surpreendente letra e música. E às vezes é assim… a ultima música de um disco, como a ultima cena de um filme a surpreenderem-nos.
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*Nos “Mestres & As Criaturas Novas” (aqui indicado no Clareando) , passa o vídeo onde se pode ouvir a música desta lindíssima herança que aqui hoje vos deixo escrita, quase em jeito de testamento… para a vida!
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Minha herança: uma flor
(Vanessa da mata)

Achei você no meu jardim
Entristecido
Coração partido
Bichinho arredio
*
Peguei você para mim
Como a um bandido
Cheio de vícios
E fiz assim, fiz assim
*
Reguei com tanta paciência
Podei as dores, as mágoas, doenças
Que nem as folhas secas vão embora
Eu trabalhei
*
Fiz tudo, todo meu destino
Eu dividi, ensinei de pouquinho
Gostar de si, ter esperança e persistência
Sempre
*
A minha herança para você
É uma flor com um sino, uma canção
Um sonho, nem uma arma ou uma pedra
Eu deixarei
*
A minha herança para você
É o amor capaz de fazê-lo tranquilo
Pleno, reconhecendo o mundo
O que há em si
*
E hoje nos lembramos
Sem nenhuma tristeza
Dos foras que a vida nos deu
Ela com certeza estava juntando
Você e eu
*
E hoje nos lembramos
Sem nenhuma tristeza
Dos foras que a vida nos deu
Ela com certeza estava juntando
Você e eu
*
Achei você no meu jardim

domingo, 2 de novembro de 2008

Pas de deux


navegar é preciso...

sábado, 1 de novembro de 2008

post número 100

............Sem amigos não fazia sentido …
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escondermo-nos debaixo de uma secretária para pregar o maior susto…
comer “sopa dourada” no meio do trabalho
simular um incêndio
dizer as piores e as melhores asneiras
guardar segredos de verdades inteiras
estar à conversa um fim de semana inteiro, e despedirmo-nos dizendo “depois falamos”
ligarmos mesmo a meio da noite
ligarem-nos mesmo a meio da noite
revelar a maior confissão, mesmo a tremer, mesmo a morrer do coração…
não julgar, dizer tudo sempre por amor
não magoar, suportar
não apontar o dedo, dar a mão
acreditar
conter o riso
desmancha-lo nas situações menos apropriadas
cruzar o olhar e dizer tudo
receber os maiores abraços e poder dá-los, sem nada em troca
não precisar de chamar, porque já chegaram
sair a correr e desmarcar tudo
socorrer
convidar sempre para estar, só por vontade
dizer a verdade sempre, e ter a certeza que nunca é partir, é sempre construir
chorar em soluços
ouvir soluçar
ir levar e buscar
trazer de volta o que se emprestou
tornar a emprestar
deixar espaço aberto para perguntar
e aberto para não dizer
e revelar quando apetecer
e nunca ser tarde para dizer
não temer ouvir
ouvir
não fugir
estar
mesmo que seja longe
e ficar perto ...
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sem amigos é que nunca!
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*os amigos têm chegado em diferentes datas, por diferentes caminhos…
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**sobrevivem na verdade e dela se envaidecem
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***tenho mãos cheias de amigos, tão perto de mim…
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****o post número 100 não me diz absolutamente nada... foi simplesmente o trocadilho com o “SEM amigos".

*****os amigos dão-me sorte, na vida!



Beatriz


há músicas assim, mágicas!

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