sábado, 13 de dezembro de 2008

Carta


A vida inteira foi coleccionando sabores, odores e em cada viagem que fazia escrevia-lhe postais sem destino. Olhava e descrevia-lhe o mar que via nos olhos. Os pés contavam os passos que a levariam a ele. Ouvia atenta, todas as histórias que um dia lhe iria contar. Guardava as imagens dos longos passeios que dava na praia, dentro de uma caixa de prata que trazia no bolso. Cantava canções de cor para nunca as esquecer. Dizia os poemas mais longos para não terem fim. Falava as mais doces palavras para não esfriarem. Unia as suas mãos, como se fossem quatro.
Juntou todas as palavras que lhe iria dizer na carta que nunca escreveu.

3 comentários:

redjan disse...

.... e fez-se caneta, tornou-se papel, e assim soube abrir os braços e deixar voar o coração, em desenhos e não palavras, em frases desenhadas por asas sem passado, assim soube o sabor, assim cheirou o odor, do sal daquele mar, naqueles olhos de alguém ...

Opssss... srry .... apenas navegando por ali fora também !

Jorge A. Roque disse...

Schopenhauer: If you want to know your true opinion of someone, watch the effect produced in you by the first sight of a letter from him.
:*

Clarice disse...

redjan, ... Opssss... navegar é preciso... toca a continuar sempre que apetecer, ok? ;)


Jorge, esse Schopenhauer era mesmo esperto, não era? ;)
Agora noutro registo o nome deste filosofo sempre me fez lembrar um medicamento, ve lá se não ficava bem? uma colher de Schopenhauer ao deitar e outra ao pequeno almoço... :)
*Agora sem medicamentos... obrigada pela escolha deste excerto que colaste aqui!