sábado, 12 de outubro de 2013

Há sempre um poema para uma manhã de acordar mais cedo... bonita manhã...



Estar só é estar no íntimo do mundo

Por vezes cada objecto se ilumina 
do que no passar é pausa íntima 
entre sons minuciosos que inclinam 
a atenção para uma cavidade mínima 
E estar assim tão breve e tão profundo 
como no silêncio de uma planta 
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice 
ou na alvura de um sono que nos dá 
a cintilante substância do sítio 
O mundo inteiro assim cabe num limbo 
e é como um eco límpido e uma folha de sombra 
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes 
E é astro imediato de um lúcido sono 
fluvial e um núbil eclipse 
em que estar só é estar no íntimo do mundo 


António Ramos Rosa

2 comentários:

Rute disse...

Esta fotografia enche-me completamente as medidas...é linda. e o poema a abrilhantá-la ainda mais. É um post perfeito.

Beijinhos

Remus disse...

Mais um poema roubado.
Mais uma flor desviada de sítio.
Mais um caminho delineado.
Mais um momento surripiado.
Mais uma ... mais uma bela fotografia.